O SUFRÁGIO ONDE O BRASILEIRO SE OLHOU NO ESPELHO E O QUE VIU FOI HORRÍVEL
Nada de bom sai dos extremos. Não é questão de direita ou de
esquerda, mas uma questão de história.
Nestas eleições, no primeiro turno, haviam
treze candidatos e o brasileiro escolheu as duas piores opções possíveis para o
país. Em um ambiente onde todos estão revoltados, cansados de corrupção,
violência urbana, insegurança pessoal, fica fácil fomentar a busca por um inimigo.
Alguém que você possa culpar. Um saco de pancadas que você não precisa ter
vergonha de bater.
Ao colocar Bolsonaro contra PT, o país literalmente rachou
ao meio. Era a extrema esquerda contra a extrema direita. O meu bem contra o
seu mal. A minha verdade contra a sua mentira. E os fins justificam os meios,
seja através de notícias falsas, discursos vazios, verdades maquiadas. Ninguém
pensou no lógico: são dois políticos discutindo e as verdades de um candidato
variam de acordo com as pesquisas eleitorais e tudo é válido para se chegar ao
poder.
Bolsonaro venceu a eleição, mas o PT não vai mudar suas
diretrizes. O projeto de santificação do Lula vai continuar e eles estarão
todos posicionados da forma que se sentem mais confortáveis que é como bancada
de oposição. Quem perdeu foram todos os outros brasileiros que se vestiram de 13
ou 17. Brigaram com amigos, parentes, ofenderam e saíram magoados uns com os
outros.
Um país partido ao meio.
Não acredito que os próximos quatro anos serão bons. Também
não acredito que seria melhor se quem tivesse vencido fosse o outro candidato
do segundo turno. Fomos condenados a quatro anos de azar pela nossa própria
incapacidade de pressentir a arapuca que armamos para nós mesmos ao colocar
dois lados que se odeiam como escolha final. Abdicamos do dever de votar pelo
projeto optando pela facilidade de escolher pelo ódio. Agora é rezar para uma
surpresa positiva que mais parece um pedido de milagre, já que fomos avalistas
de nosso próprio destino através do voto popular.
“Eu vejo em vossos olhos o brilho que faz saltar o coração. Vejo
que cremos firmemente que um dia, quando
olharmos para o horizonte, veremos nossa bandeira tremular como a maior entre
as nações... Mas esse dia não é hoje.”
Como escritor e quadrinista, seguiremos com nossa
programação normal de críticas ao poder, a sociedade e os rumos da humanidade. Deixo
claro que não é por posição partidária ou solidariedade a grupos raivosos, mas
simplesmente porque, parafraseando Millôr Fernandes, “Criar arte é oposição. O
resto é armazém de secos e molhados.”
Se pudesse dar um conselho seria de aceitar o resultado das
urnas com o lembrete que “o preço da liberdade é a eterna vigilância”. Estamos todos
no mesmo barco em um mar grande e ameaçador. Agora é aguardar a fúria do oceano
em nossa caravela chamada Brasil.
Caramba, como este mar está feio!...Tomara que o barco não
fique à deriva ou afunde. Que Deus nos ajude e amém!